"6 de Agosto de 1997
(...) Fui fazer o teste de gravidez ontem e o resultado foi o que eu esperava: positivo.
(...) ela disse que ia comigo fazer o aborto, uma vez que o ... se negou a isso. No meio disto, a pessoa que mais me devia apoiar (o meu namorado) é quem me desapoia mais e me ajuda menos... é estúpido, não é? (...)"
Estúpida fui eu por não conseguir compreender o porquê de não me apoiares, o porquê de teres fugido e apanhado tantas bebedeiras nesses dias seguintes, misturadas com não sei quantas ganzas...
Se soubesses o quanto dói hoje, o quanto gostava de voltar atrás 12 anos na minha vida. A tua ausência dói por demais, anjo... dói a cada minuto, a cada memória, a cada tristeza que a tua namorada me conta que lhe fizeste. Dói e vai doer sempre, eu sei que sim.
Volto a chorar pelo filho/a que ambos perdemos, ao qual eu cobardemente voltei as costas e não mais quis saber... sem sonhar até hoje o quanto te magoei ao fazê-lo.
Nunca se esquece um aborto, quer se tenha concordado com ele ou não. Simplesmente não se esquece. Faz hoje 12 anos que tudo aconteceu, 3 dias depois de saber que estava grávida...
E nestes dias ainda menos consigo esquecer... não, os anos não ajudaram a esquecer. Os anos ajudaram apenas a que me lembrasse cada vez mais da merda que fiz.
Dava tudo por um abraço agora, pelo teu abraço e nada mais.
Amo-te, até que a morte me separe definitivamente de ti... ou me traga de novo a ti.
Eternos beijos, meu amor... e desculpa, mais uma vez. Não perdoes, mas desculpa...